Em tudo se esconde a catarse, que é um passo para a felicidade e outro, maior, para o destino. Nenhuma beleza que fácil se entregue
nem a luz visível demais é aquela que esperamos, mas não raro aceitamos
a migalha mesmo assim. Nada temos a poupar porque nada temos e nada também a perder. O amanhã desmentirá o hoje e o silvo das seis
irá contrariar o ambiente em que o silvo das cinco se fez.
Há uma luta de amor em planos distintos, nos corpos unificados ou naqueles que não se tocaram, desmascarados uns e outros pelo mesmo beijo. Porque o amor se aprende mais arduamente que qualquer outra coisa. É o mistério maior, estar plenamente com o outro e aceitar antes
estar plenamente só. Os corpos falam e quando não há
corpos há toda uma diversidade de partilhas sem palavras.
Amar é estar só, porque nada se espera, porque nada se impõe,
e mesmo a presença ansiada pode se manter num longe eterno.
Se amo, concedo esse privilégio de nada exigir.
A silhueta é vária e o rosto renasce de cada nuance
onde será a vítima imolada, no falso altar erguido pela distância.
O amor em que se tenta proteger-se de si mesmo, melhor não
sentir. Ou o que ama a si mesmo na pessoa amada. De incenso
embriaga-se a amante que oferece o seio ao moribundo. Essa
há de ser a última vítima? Porque o amor não é se dar, nem
deixar de ir aonde ia porque há alguém que te espera
noutra parte. Ou haverá uma poça de sangue no assoalho
e um amante no ponto em que o ônibus não parou. Será assim a mulher
mais do que ela mesma, se unirá à outra, apaixonada,
triunfante, no limite a que escapamos com a velhice,
junto ao fogão do ateliê.
Não pode haver obscuridade na harmonia, nem dependência
na união, onde não houve silêncio não haverá palavra
amorosa, ao fugir da solidão do outro não saio de mim
e todavia tampouco permaneço. Do limbo desse relacionamento
que acaba de ser tantas vezes a própria vida talvez se escape
na terra plana, igual, sem montes nem imponência, sem
mortos - disse a mim mesmo - esquecerei e subirei
até não exista paisagem, nem corpos, nem palavras,
e só pessoas moram na casa onde a diferença
permance e o silêncio seja mais que intervalo
entre o que de apodrecido se diz na normalidade.
Ao conjugar o verbo das cavernas e buscar a luz,
acha-se o útero. Onde a paisagem não depende
mais de nós, fazemos parte dela. Somos a palavra
e o eco. E aí, nessa distância quieta, quem sabe o amor.
nem a luz visível demais é aquela que esperamos, mas não raro aceitamos
a migalha mesmo assim. Nada temos a poupar porque nada temos e nada também a perder. O amanhã desmentirá o hoje e o silvo das seis
irá contrariar o ambiente em que o silvo das cinco se fez.
Há uma luta de amor em planos distintos, nos corpos unificados ou naqueles que não se tocaram, desmascarados uns e outros pelo mesmo beijo. Porque o amor se aprende mais arduamente que qualquer outra coisa. É o mistério maior, estar plenamente com o outro e aceitar antes
estar plenamente só. Os corpos falam e quando não há
corpos há toda uma diversidade de partilhas sem palavras.
Amar é estar só, porque nada se espera, porque nada se impõe,
e mesmo a presença ansiada pode se manter num longe eterno.
Se amo, concedo esse privilégio de nada exigir.
A silhueta é vária e o rosto renasce de cada nuance
onde será a vítima imolada, no falso altar erguido pela distância.
O amor em que se tenta proteger-se de si mesmo, melhor não
sentir. Ou o que ama a si mesmo na pessoa amada. De incenso
embriaga-se a amante que oferece o seio ao moribundo. Essa
há de ser a última vítima? Porque o amor não é se dar, nem
deixar de ir aonde ia porque há alguém que te espera
noutra parte. Ou haverá uma poça de sangue no assoalho
e um amante no ponto em que o ônibus não parou. Será assim a mulher
mais do que ela mesma, se unirá à outra, apaixonada,
triunfante, no limite a que escapamos com a velhice,
junto ao fogão do ateliê.
Não pode haver obscuridade na harmonia, nem dependência
na união, onde não houve silêncio não haverá palavra
amorosa, ao fugir da solidão do outro não saio de mim
e todavia tampouco permaneço. Do limbo desse relacionamento
que acaba de ser tantas vezes a própria vida talvez se escape
na terra plana, igual, sem montes nem imponência, sem
mortos - disse a mim mesmo - esquecerei e subirei
até não exista paisagem, nem corpos, nem palavras,
e só pessoas moram na casa onde a diferença
permance e o silêncio seja mais que intervalo
entre o que de apodrecido se diz na normalidade.
Ao conjugar o verbo das cavernas e buscar a luz,
acha-se o útero. Onde a paisagem não depende
mais de nós, fazemos parte dela. Somos a palavra
e o eco. E aí, nessa distância quieta, quem sabe o amor.